segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Regresso às aulas (com a SIC)

Lá vão eles, Sócrates e Cavaco Silva, aproveitando a ocasião para promover pelo país fora a obrigatoriedade do ensino secundário com direito a pomposo discurso sobre o sucesso do “Programa de modernização” das escolas. Depois, Manuela Ferreira Leite guia-os pelas “renovadas instalações” duma escola, fruto de todas estas ideias brilhantes, bem encadeadas e saídas das mesmas cabeças idiotas: “A principal fatia do investimento público no nosso país nos próximos anos, irá para as escolas” – garante Sócrates

Estávamos felizes e a notícia seguinte não caiu bem: 
Escola EB1 Manuel Teixeira Gomes (Chelas) encerra portas, por existirem 3 professores para 215 crianças...Assim não! A direcção recusa entrevistas e os pais debatem-se por não terem onde deixar os putos, berram aos portões e erguem cartazes, cedem entrevistas à comunicação social pois não é justo pedirem 4 rolos de papel higiénico por criança para cortar nos custos e ainda cobrarem as fotocópias... (não lhes vá passar pela cabecinha que só havendo 3 Profs, nem auxiliares e assistentes de limpeza devem haver). Peçam satisfações aos senhores ali de cima, qual direcção! Eles explicam que, ou escolhem mesas de refeitório e quadros novos ou têm professores para um ano lectivo, queriam tudo, não?

Para atenuar o dramatismo, segue-se a reportagem da praxe: 
1 dia com a Família Fernandes

O pai Fernandes angustiado porque o filho tem aulas o dia todo, não pode estar com ele, “dói um bocadinho cá dentro” e depois chega a casa e ainda tem trabalhos e banho e jantar...”Perde um bocadinho a sua infância. Há a angústia, ligeiramente, um bocadinho!”. Passa a redundância e a parte em que a dor é toda ela, um bocadinho dele.

A mãe Fernandes está atormentada porque dá aulas num ginásio longe de casa e não consegue ir buscar o filho a tempo. Liga (no ar) ao marido (angustiado) que tem barriga de cerveja e deve passar o dia a ver a Sport TV, suplicando-lhe que fosse buscar o miúdo (isto porque uma aula de Ballet não é algo previsível), após uma resposta pouco satisfatória, insiste agora num tom ameaçador de quem se controla- por estar na TV - caso contrário sairia qualquer coisa como “Oh meu granda cabrão, então eu passo o dia a trabalhar e tu ainda refilas quando te digo para ires buscar o teu filho à escola?”

Infelizmente o directo 

Caldo entornado, directo como o nome indica é directo, não há retorno nem cortes...Quando sai palermice, é palermice que vai na SIC.
Tempo de antena das crianças, menos mal, que se engasgam um bocado mas são fofinhas e falam melhor português, menor o perigo. Seguindo-se umas tantas intervenções pouco naturais e ainda menos felizes do entrevistador:
-Olha lá, as aulas correram bem?
-sim...
-Sim? Fantástico.

Posto isto, comando na mão e carrega no botão (rendi-me à televisão internacional)

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